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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Umbigo

Tentei medir-te para conhecer-te o centro
Porém, tratando-se de figura geométrica complexa
Me perdi
Tracei longas retas
Apontei-as para o norte
Segui paralelas
Inimigas eternas
Que terminam mas não se tocam
Fui buscar mediatrizes
Rebati seu plano, deitando-o para mim,
Espalhando sobre eles linhas delicadas
Circulei entre eixos pulsantes
Senos obscenos
Co-senos envergonhados
Funções vitais espaciais
Especiais
Pontos de fuga
Aqueles, perfeitos
Sombras
Aquelas, acolhedoras
E num lance certeiro
Do meu compasso
Estrategicamente aberto
Ponta macia, contundente
Marquei a bissetriz mais exata
Orientada por um único ponto de equilíbrio
Que te divide simétrica
E me orienta deliciosamente
Para cima, com volumosos perfis, fala suave e imaginário concreto
Para os lados, com hastes que sustentam amores e gestos discretos
Para baixo, com movimento, com sede, fome, perfume,
Triângulo isóscele,
Ângulo agudo com o vértice apontando para o meu amor
Mesma linha
Mesma reta
Boca
Grandes e pequenos lábios
E o ponto central
O umbigo
O início da viagem

Silvio Helder Lencioni Senne

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